Sérgio Pinto Monteiro*
Há 200 anos nascia o Brasil, nação independente e soberana. O processo teve origem em diversos movimentos separatistas, principalmente em Minas Gerais, Bahia e Pernambuco, os primeiros ainda no século 17, estendendo-se até o século 18. Finalmente, em Sete de Setembro de 1822, consumou-se a nossa emancipação das cortes portuguesas. O príncipe Dom Pedro, regente e capitão-general do Brasil, por duas vezes fora chamado de volta a Portugal. Em ambas, negara-se a partir. Dois “gritos” marcaram a separação definitiva onde a vontade do povo prevaleceria: o primeiro, numa sacada do Paço Real, posteriormente denominado Paço Imperial, no Rio de Janeiro, quando D. Pedro, atendendo ao clamor popular, bradou “… diga ao povo que fico”; o outro, às margens do riacho Ipiranga – o príncipe havia se deslocado para São Paulo visando pacificar sérios conflitos políticos naquela província – espada desembainhada, proclamando a nossa independência, selada sob o juramento “… pelo meu sangue, pela minha honra, pelo meu Deus, juro fazer a liberdade do Brasil, Independência ou Morte”.
Ao longo da história, brasileiros de todas as raças, credos e profissões, lutaram e, até mesmo, tombaram pela Pátria. Sempre em defesa da liberdade do povo e da soberania do país. Liberdade é, pois, um dos valores mais caros a nós brasileiros e dela jamais abriremos mão. Derrotamos, muitas vezes à custa de vidas heroicas, todas as tentativas de subjugar o Brasil – e seu povo – a regimes que não se coadunavam com os princípios que forjaram a nacionalidade.
As comemorações do BICENTENÁRIO da nossa Independência certamente levarão milhões de brasileiros às ruas e praças públicas. Pátria, Povo, Liberdade e Soberania são quadrigêmeos idênticos e inseparáveis. Há uma grave crise em curso no país. Ameaças explícitas – e outras difusas – rondam a nação. A liberdade, a democracia e o estado de direito que, ao longo da história, tanto defendemos como essenciais à vida em sociedade, estão sob ataque de um inimigo traiçoeiro, quase sempre camuflado de seu defensor e que usa a própria democracia para destruí-la e o estado de direito como ferramenta para suprimi-la, velhas táticas de regimes autoritários. Nesse contexto, aliaram-se, em união incestuosa, de um lado políticos e congressistas corruptos e oportunistas; de outro, comunistas jurássicos, sedentos de poder, tendo como cúmplices irresponsáveis e sinistros, uns poucos membros do Judiciário, que se julgam inatingíveis. Vivemos dias de arbítrio, privação do direito de expressão e de uma insegurança jurídica nunca antes vista no país. O nosso arcabouço legal, a começar pela própria Carta Magna, é frequentemente violentado, inclusive por seus guardiões constitucionais. É a Ditadura da Toga, contra a qual, segundo o mestre Rui Barbosa, não haveria a quem recorrer. Conforta-nos, no Brasil, podermos confiar nos Braços Fortes e Mãos Amigas que nunca nos faltaram nos momentos mais difíceis da vida nacional.
Neste Sete de Setembro, o povo brasileiro, gente simples e trabalhadora, hoje bem informada graças às eficientíssimas redes sociais, estará comemorando o Aniversário da Pátria em manifestações pacíficas e ordeiras, sempre bem-vindas e desejáveis. O Brasil tem uma tradição muito positiva de presença de povo nas ruas. Em última análise, serão expressões legítimas do regozijo pela nossa Data Magna e da vontade
soberana do povo, bem como a reafirmação dos sagrados ideais de liberdade e democracia. E a voz do povo, é a Voz de Deus.
A PRESENÇA NO BRASIL DO CORAÇAO, PRESERVADO, DE D. PEDRO I, NOS RELEMBRA OS SACRIFÍCIOS DOS PATRIOTAS QUE CONQUISTARAM A NOSSA LIBERDADE.
“…OU FICAR A PÁTRIA LIVRE OU MORRER PELO BRASIL.”
*o autor é professor, historiador e oficial da reserva do Exército. É membro da Academia Brasileira de Defesa, da Academia de História Militar Terrestre do Brasil, do Instituto Histórico de Petrópolis. É vice-presidente da Liga da Defesa Nacional-RJ e presidente do Conselho Deliberativo da Associação Nacional dos Veteranos da FEB. É patrono, fundador e ex-presidente do Conselho Nacional de Oficiais da Reserva. O texto não representa, necessariamente, o pensamento das entidades mencionadas.
Ao prezado Monteiro, estivemos juntos na AORE RJ, quero externar meus sinceros parabens pelo construto intelectivo acima.