Por: Dalva Marques Martins
O Aquífero Alter do Chão é um reservatório de água subterrânea e, assim como os aquíferos em geral, apresenta rochas permeáveis o suficiente para garantir a rápida infiltração de água das chuvas, permitindo também o seu deslocamento interno e a sua consequente filtragem. Trata-se de uma das principais reservas de água doce do Brasil e do mundo, cuja sustentabilidade precisa ser devidamente garantida.
A importância do Aquífero Alter do Chão vem se tornando cada vez maior em função de recentes descobertas científicas que comprovaram ser esse o maior aquífero do mundo em termos de volume de reserva de água. O Aquífero Guarani, antes considerado como o maior do país, possui uma área até maior, mas uma quantidade de água inferior, com cerca de 45 mil km³ de água distribuídos em 1,2 milhões de km². Já o Alter do Chão possui 86 mil km³ de água e pouco mais de 400 mil km² de área, o que daria para abastecer toda a população mundial durante cerca de 250 anos.
O Aquífero Alter do Chão está localizado na região Norte do Brasil, mais precisamente em algumas partes dos estados do Amazonas, Pará e Amapá, conforme podemos observar no mapa abaixo, muito embora partes de seus limites ainda não tenham sido totalmente traçadas. A sua área de ocupação, no entanto, apresenta baixas densidades populacionais em comparação com o restante do país, de modo que a utilização de suas águas dependeria de uma maior eficiência sobre os meios de transporte.
Em termos de composição, o Aquífero Alter do Chão é formado por um sistema de aquífero livre em sua porção superior, que ocupa uma profundidade de até 50 m, e também por um sistema fechado ou confinado, que se mantém em uma profundidade de 430 m, sendo essa de mais difícil acesso. Essa configuração faz com que o Alter do Chão seja classificado como um aquífero do tipo misto, com ambientes livres e confinados ao longo de toda a sua estrutura.
De acordo com um estudo realização pelo Serviço Geológico Nacional, o principal risco em torno da qualidade das águas do aquífero em questão é a contaminação por meio de poços abandonados e construídos sem os devidos cuidados técnicos. Por meio deles, poderia haver um escoamento de águas superficiais eventualmente poluídas ou contaminadas para as áreas interiores do aquífero, o que requer maiores cuidados para evitar a inutilização dos recursos hídricos locais. A contaminação dessas águas, por sua vez, pode ocorrer pela má destinação de esgotos e lixos urbanos em cidades próximas, além do emprego inadequado de agrotóxicos em ambientes rurais na região.
Atualmente, existem várias cidades na região Norte, sobretudo no estado do Amazonas, que se utilizam das reservas hídricas do Aquífero Alter do Chão. A capital Manaus, por exemplo, possui 40% de seu abastecimento hídrico a partir de águas dele oriundas, além de algumas outras cidades desse e dos demais estados por onde a água do aquífero se estende.
Para garantir a manutenção do Aquífero Alter do Chão, é preciso, além de uma correta administração pública nas três esferas governamentais (municipal, estadual e federal), a conservação das áreas naturais da região, principalmente a vegetação. Afinal, é a Floresta Amazônica que gera umidade para a atmosfera e garante a existência de chuvas na região, além de diminuir o impacto das chuvas sobre o solo e permitir a maior infiltração das águas pluviais.
Notas de rodapé:
[1] Professora universitária. Vice-presidente Executiva, Instituto Latino-Americano de Educação (ILAE)
[2] https://brasilescola.uol.com.br/brasil/aquifero-alter-chao.htm
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