Há 107 anos, numa tarde de 7 de Setembro de 1916, uma plêiade de brasileiros ilustres, liderados pelo poeta OLAVO BILAC, reunidos no Salão das Conferências da Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, fundaram, solenemente, a LIGA DA DEFESA NACIONAL, nome que remetia à importante revista A DEFESA NACIONAL, lançada três anos antes por militares brasileiros que, em 1910, estagiaram no exército da Alemanha.

“Acha-se fundada, no Rio de Janeiro, com sede provisória à Rua do Ouvidor 89, a Liga da Defesa Nacional, sociedade de que fazem parte os vultos mais eminentes do país, congregados pelo desejo sincero de soerguer, numa campanha nacionalista, as forças vivas e a energia moral da nação. Empenhados, como andamos, pelos mesmos ideais… é com vivo jubilo que saldamos a patriótica associação que num âmbito mais vasto se propõe a fortalecer o caráter nacional, imprimindo aos brasileiros confiança em seu próprio valor.” (Estatuto da LDN, de 23 de setembro de 1916).

A LDN, surgida durante a Primeira Guerra Mundial e na data em que o Brasil comemorava 94 anos de sua Independência, se propunha, entre outros objetivos estatutários a “congregar os sentimentos patrióticos dos brasileiros de todas as classes” difundindo “a educação cívica, o amor à justiça e o culto ao patriotismo.” Criada naquele contexto de guerra, a LDN defendia o apoio aos Aliados e a ideia do “cidadão-soldado”. Em discurso aos estudantes mineiros, Bilac afirmou que entre os integrantes da LDN predominava o desejo de que “o exército seja o povo, e o povo seja o exército, de modo que cada brasileiro se ufane do título de cidadão-soldado”. Assim, o surgimento da LIGA se originou na campanha desenvolvida por Olavo Bilac, e de outros intelectuais civis e militares, pela efetiva implantação do serviço militar obrigatório em nosso país. Do grupo inicial faziam parte inúmeros destaques nacionais como o jurista, político e diplomata Rui Barbosa – nosso “Águia de Haia -, Miguel Calmon – Deputado Federal -, Pedro Lessa – Ministro do Supremo Tribunal Federal -, General Caetano de Farias – Ministro da Guerra -, Almirante Alexandrino – Ministro da Marinha -, Pandiá Calógeras – Ministro da Fazenda -, Affonso Viseu – empresário -, entre muitas outras personalidades da época. O primeiro presidente da LIGA foi o então Presidente da República, Wenceslau Brás. Um ano após a sua criação, a Liga da Defesa Nacional já tinha 800 sócios somente no Rio de Janeiro. Entre os dispositivos estatutários da LIGA, destaca-se o Artigo 19 :

“A Liga da Defesa Nacional nunca poderá intervir em lutas eleitorais, nem em discussões ou propagandas partidárias, políticas ou religiosas; mas intervirá sempre, a título de centro de conselho e de continuidade, nas questões de educação, nos problemas sociais de proteção e de defesa coletiva, dirigindo-se, dentro das garantias da Constituição do país, aos governos e ao povo.”

As ações da LDN de maior influência na vida nacional ocorreram entre 1920 e 1940. Foi uma proposta da LIGA ao Governo que resultou na obrigatoriedade do ensino do português nas colônias de imigrantes, que por longas décadas praticaram, apenas, o idioma do país de origem. Também a inclusão do ensino formal de assuntos ligados ao civismo e ao patriotismo, nas escolas, com ênfase para o canto do Hino Nacional, o culto a Bandeira e o conhecimento da história da Pátria, tiveram origem em sugestão da Liga. Em 1936, a LIGA organizou o “Desfile da Mocidade e da Raça”, criado pelo Ministério da Educação e Cultura e realizado no Rio de Janeiro. No final dos anos 30, e durante todo o período da Segunda Guerra Mundial, a LIGA teve forte participação nos movimentos contra o nazi-fascismo e foi uma das principais influenciadoras na declaração de guerra do Brasil à Alemanha e à Itália, bem como na criação da Força Expedicionária Brasileira. Ainda, por iniciativa da LDN, foram adotadas as comemorações da Semana da Pátria, assim como a sua abertura com o Fogo Simbólico, cuja primeira Corrida foi realizada no Rio Grande do Sul, em 1938. Em 1945, o Fogo Simbólico da Pátria partiu do Cemitério de Pistóia, na Itália, onde se encontravam sepultados nossos heroicos Pracinhas. Até mesmo os desfiles das Escolas de Samba no Rio de Janeiro, entre 1943 e 1945, foram patrocinados pela LIGA. A Pira da Pátria, na Praça dos Três Poderes em Brasília, onde o fogo arde permanentemente, foi inaugurada em 1987 e teve origem numa proposta da LDN.

Ao longo dessa vitoriosa jornada, a LIGA multiplicou-se por vários Estados e regiões do país sob a forma de Diretorias Regionais, Núcleos Municipais ou Representantes nomeados. Em 1982, por desmembramento da Liga da Defesa Nacional, anteriormente transferida para Brasília, foi constituída a LDN – DIRETORIA ESTADUAL DO RIO DE JANEIRO, que ao lado de suas congêneres, mantém a doutrina de atuação formulada no Estatuto de 1916, visando robustecer na opinião pública nacional um elevado sentimento de patriotismo”.

Os atuais integrantes da LIGA DA DEFESA NACIONAL, em suas diversas configurações, seus presidentes, diretores, assessores, associados e colaboradores, irmanados na nobre e honrosa missão de dar continuidade às ações meritórias dos que nos antecederam, REITERAM os princípios e valores que forjaram a nacionalidade e PROCLAMAM o seu imenso amor e lealdade à PÁTRIA e ao POVO BRASILEIRO.

Rio de Janeiro, 18 de setembro de 2023

SÉRGIO PINTO MONTEIRO

PRESIDENTE DA LDN – RJ